sábado, 5 de junho de 2010

O Senhor do Maracanã: O Início.

Há um tempo que eu vinha pensando nesse post. Agora, com a volta do Zico ao seu lugar de direito, é hora de sair do pensamento e ganhar a net. Serão 5 posts falando da carreira do Zico no Flamengo, com números, vídeos (quando possível) e curiosidades. Também sempre procurarei falar da carreira do Zico na Seleção Brasileira.

5 posts, 1 a cada semana, entitulados como:

1 – Senhor do Maraca: O Início

2 – Senhor do Maraca: Apogeu e adeus

3 – Senhor do Maraca: Retorno e dúvidas

4 – Senhor do Maraca: A Recuperação

5 – Senhor do Maraca: Ato Final.

Espero que curtam.

SRN

Zico chegou ao Flamengo em 67. Com 14 anos de idade, já se destacava há muito nas peladas contra garotos mais velhos. Foi levado ao clube pelo jornalista Celso Garcia. Na sua estréia nos profissionais, em 29/07/ 1971, já mostrava a que veio. Foi dele o passe para um dos gols da vitória do Flamengo sobre o Vasco, vitória essa por 2x1. É, tempos que guris faziam estréia em clássico e não “tremiam.”

Durante o ano de 1971, Zico entrou em campo pelo Flamengo em 17 jogos e fez 2 gols. Estava claro para todos que aquele garoto tinha muito talento, mas precisava de fortalecimento muscular.

Em 1972, já fazendo o trabalho de fortalecimento, Zico entrou em campo apenas 8 vezes e não marcou nenhum gol. Foi a única temporada de Zico sem um gol sequer. Mas o Flamengo, comandado por Reyes, Doval e Caio Cambalhota, chegou ao título carioca após bater o Fluminense por 2x1

Em 73, já em estágio avançado do tratamento para ganhar força física, Zico entrou em campo pelo Flamengo em 52 ocasiões e marcou 13. Mas o Flamengo terminou a temporada sem o título carioca (perdido para o Fluminense) e no Brasileiro foi apenas o 24º colocado.

Em 74, já condicionado e em boa forma física, Zico entrou em campo 64 vezes e anotou espantosos 49 gols na temporada, sendo o principal responsável pelo título carioca do Flamengo. No Brasileiro, nossa 1º campanha razoável, um 6º lugar amargo, por que foi ano de título do Vasco, o 1º de um clube do Rio de Janeiro na competição. Mas como consolo, Zico foi Bola de Ouro do Brasileiro.

Em 75, o Flamengo vê o Fluminense montar a “Máquina Tricolor” e ganhar o título carioca. Mas o que incomodava é que, apesar do time do Fluminense ser melhor, em 5 jogos contra eles o Flamengo venceu 2, empatou 2 e perdeu apenas 1, o clássico pelo Campeonato Brasileiro. Zico anotou 30 gols no Carioca. No Brasileiro, um 7º lugar e o mundo via surgir o melhor time dos anos 70, o Internacional de Falcão e cia.

Em 76, o Bi do Carioca do Fluminense e o Bi do Brasileiro do Inter. Mas houve uma partida que entrou para a história do Fla x Flu. Em um jogo valendo pela “Taça Nélson Rodrigues”, o Flamengo goleou por 4x1 e Zico anotou os 4 gols do Fla. Infelizmente, não existe vídeo desse jogo, não que eu conheça. Se alguém conhece, favor indicar, terei prazer em postar aqui nesse humilde espaço.

Zico fez 56 gols na temporada, recorde da sua carreira. Mas começavam a ganhar espaço outros 2 jogadores que fariam história no clube: Júnior e Adílio

Já eram 2 anos sem títulos e a pressão começava a ficar grande na Gávea.

Veio o ano de 77 e com Zico em plena forma e a dupla Júnior/Adílio já consolidada, Rondinelli já fazendo jus ao apelido de “Deus da Raça”, Carpegiani e Cláudio Adão contratados como reforços e com o surgimento de Tita, era considerado “obrigação” vencer um título na temporada.

No Carioca, o Flamengo teve apenas uma derrota, em clássico contra o Vasco na Taça GB. Na decisão, após um 0x0, Tita desperdiça a última penalidade e o Flamengo vê o título ir para o Vasco. Eram 3 temporadas sem título e a pressão, que já era enorme, se tornou gigantesca. Mas nos bastidores do clube havia um movimento forte e Márcio Braga, pela 1º vez presidente, começava a mudar a forma de administrar o Flamengo. Os frutos começariam a ser colhidos no ano seguinte.

Novamente Zico “salvaria” a temporada, ao ganhar a Bola de Prata e ser considerado, por um jornal venezuelano, como o futebolista sulamericano do ano.

Em 78, havia um movimento de grande parte da torcida e da política Rubro-Negra para que o Flamengo negociasse aqueles jogadores que mais para frente fariam história. Só um título poderia assegurar a permanência de uma safra que era talentosa, mas considerada “imatura” por muitos. No Estadual, novamente o Flamengo sofreu uma única derrota, na decisão do 1º turno, em clássico contra o Fluminense.

Apesar da derrota, o Flamengo levou o título do 1º turno e partiu para ganhar o do 2º. Adversários batidos com facilidade – com direito a uma goleada de 4x0 em cima do Fluminense – e vem a decisão contra o Vasco, que jogava pelo empate para forçar os jogos extras. 120 mil pessoas lotaram o Maracanã para ver a decisão. Jogo tenso, com o Vasco sabendo usar sua vantagem. No finalzinho, após o Vasco ceder um escanteio de forma desnecessária, Zico pega a bola e parte em velocidade para o local da cobrança. Aqui eu abro um parentêses para narrar o que um senhor amigo meu, já sexagenário hoje em dia, fala do momento:”Foi um espanto ver o melhor finalizador do time não estar na área naquela bola. Zico raramente batia escanteios. Raramente não, nunca. Era exímio cabeceador e se posicionava com a maestria dos centro avantes mais qualificados. Ninguém entendeu quando ele, Zico, foi cobrar aquele escanteio.”

Mas Zico sabia o que estava fazendo, por que gênio é aquele que vê o que nenhum outro vê.

Na cobrança, bola na cabeça de Rondinelli, Leão estatelado no chão e título Rubro-Negro depois de 3 anos de jejum.

Começava ali uma história que seria escrita com muito suor, sangue e lágrimas. Uma história que todo Rubro-Negro tem o dever moral de conhecer e que eu espero contar com a maior qualidade possível.

Até semana que vem.

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