sábado, 2 de outubro de 2010

O fim de uma amizade de 31 anos.

Há pouco mais de 31 anos, nascia esse que vos escreve. No dia que eu nasci, meu futuro melhor amigo desafiava e vencia um carinha que eu nunca tive qualquer simpatia. Era dia 16/9/79.

Meu futuro melhor amigo já era forte, poderoso e temido, tava alcançando aquele período da vida que acontece o auge físico e mental. No ano seguinte, meu amigo conquistava o país pela 1º vez. Eu ainda era novo demais para entender o tamanho da conquista do meu amigo. No ano seguinte, meu amigo dominava a América e o Mundo. Eu, ainda um bebê, não tinha idéia do que representava o sucesso do meu amigo.

Os anos se passaram e meu amigo continuava demonstrando para todos sua vocação em vencer e valorizar aqueles que ajudavam na sua caminhada.

Com 6 para 7 anos, em 86, eu ganhei um concurso de redação na escola, disputando com crianças de 10, 11 anos, feito esse que é top 3 na minha vida acadêmica. Não pelo prêmio, não pela disputa, mas por que eu venci com uma redação que falava da nossa amizade e de um outro amigo que tínhamos em comum, um tal "Galinho de Quintino".

Em 87, eu estava lá, debaixo de um dilúvio absurdo prestigiando meus 2 melhores amigos em uma batalha épica que nos daria o Brasil pela 4º vez. A amizade entre mim, Flamengo e Zico parecia que nunca se acabaria.

Nos anos seguintes, um dos amigos rumou para o Japão, para consolidar ainda mais seu status na terra do Sol Nascente, mas antes de partir para o Japão, aconteceu uma festa de despedida antológica para esse amigo. A distância era enorme, havia o fuso horário para complicar, mas a amizade permanecia fiel, eterna.

O tempo foi passando e eu continuei a presenciar a aptidão para triunfar do meu amigo que ficou no Brasil. Eu olhava e pensava:"Cara, como é legal ter um amigo assim, sinto pena das outras pessoas que não gostam do meu amigo, não sabem o que perdem."

No Japão, o outro grande amigo seguia triunfando também, ganhando mais admiradores e seguidores mundo afora.

Mas aconteceu o impensável: meu amigo que ficou no Brasil começou a fraquejar e a se envolver com pessoas que não queriam seu bem, queriam apenas se aproveitar do seu status.

Do Japão, nosso outro amigo mandava alertas, críticas, sinais para que nosso amigo que ficou no Brasil notasse que aquelas pessoas que o rodeavam não nutriam sentimento algum por ele. Mas era tudo em vão e a amizade entre Flamengo e Zico começou a dar sinais de desgaste, algo impensável 10 anos antes. A situação ficava pior a cada ano que passava, por que o amigo brasileiro havia perdido sua aptidão para a vitória e o amigo do Japão não se conformava com isso, continuava cobrando, cobrando, cobrando, por que o amigo do Japão não vencia mais apenas no Japão: vencia na Rússia, na Turquia, enfim, seguia vencendo e quebrando barreiras.

No meio desse desentendimento, lá estava eu, tentando apaziguar e resgatar aquela velha amizade que um dia dominou o Mundo. De um lado, entendia as críticas do amigo que estava no Japão, sabia que ele não falava por mal, embora muitas vezes fosse duro nas críticas. Mas, por outro, entendia o lado do amigo que estava no Brasil, quando esse falava:"Ficar aí do outro lado do mundo me criticando é fácil, cara. Volta para o Brasil pra me ajudar, eu preciso de você aqui."

Foram anos e anos nessa disputa que, por várias vezes, deu à amizada rachaduras ainda mais profundas.

Mas, até que um dia, o amigo do Japão - agora já nem mais do Japão, um cidadão do Mundo - resolveu voltar ao Brasil para ajudar o amigo do Brasil a se levantar novamente. O amigo do Brasil dava sinais que precisava de ajuda e que faria força para se livrar das pessoas ruins que por anos envenenaram a amizade e a camaradagem. Eu, que gostava dos dois de forma igual, respirei aliviado com aquela tentativa de ambos para chegarem ao entendimento. "Dará certo", eu pensava, "tem que dar certo!"

O recomeço foi de muita boa vontade entre ambos, um cobrindo o outro de elogios, resgatando o sentimento, a esperança de dias melhores. Mas, infelizmente, o amigo do Brasil continuava cercado por pessoas que só procuravam envenenar a camaradagem e não fazia muita força para se livrar delas, pelo contrário, fazia vista grossa com as injustiças que eram cometidas contra o amigo que veio de fora para tentar ajudar.

Até que na noite de 1º de outubro de 2009, o amigo do exterior descobriu que o amigo do Brasil não tem pretensões de ser ajudado e resolveu que era hora de pôr fim definitivo à amizade.

Dessa vez, a situação atingiu estado crítico e esse que vos escreve notou que não podia mais "ficar em cima do muro". E não fiquei: entre o amigo que fez de tudo para ajudar e o amigo que fez de tudo para não ser ajudado, fico com o amigo que fez de tudo para ajudar. Acho que todos os envolvidos saem perdendo, mas a vida continuará para os 3 da mesma forma, a única diferença é o fim da amizade de 31 anos.

Um dia, quem sabe, quando outras pessoas de bem notarem que o Flamengo não quer ser ajudado e começarem a se afastar dele, talvez ele - Flamengo - abra os olhos e note que está completamente equivocado nessa questão do trato com os velhos amigos.

Quando e se esse dia chegar, eu estarei lá para ajudá-lo a se reerguer. Mas, provavelmente, pode ser tarde demais para reatar a amizade com o Zico.

SRN

sábado, 4 de setembro de 2010

Deivid e Diogo: a última esperança do Flamengo nesse Brasileiro.




Amanhã, dia 05/09, Deivid faz sua estréia com a camisa do Flamengo. Diogo já fez 2 jogos e deixou a Nação Rubro-Negra esperançosa no que tange à dias melhores.

Deivid sempre foi considerado um "jogador injustiçado" pelos amantes do bom futebol. Fazedor de gols, demonstra grande frieza na hora das conclusões mas, salvo engano desse que vos escreve, nunca foi convocado pela Seleção Brasileira, Seleção essa que, durante toda a carreira de Deivid, teve atacantes do porte de Washington - nada contra o Coração Valente, respeito esse jogador -, Afonso, Love e Sóbis, todos comprovadamente com menos história e menos talento que o "Gaguinho", como ficou conhecidos na sua 1º passagem pelo Santos (1999/2001). Mas Deivid nunca se lamentou, continuou metendo seus gols mundo afora (Portugal, França, Turquia).

Em algumas ocasiões, Deivid se declarou torcedor do Flamengo e que desejava jogar no clube um dia e em 2010 realizou seu "sonho" e foi contratado pelo Flamengo.

Com a carência ofensiva do Flamengo, chegou com esperança e já traçando objetivos altos, como a conquista da Libertadores (entrevista dada ao Lance!).

Mas para conquistar a Libertadores é preciso, antes de qualquer coisa, classificar-se para ela e no momento (última rodada do turno) o Flamengo está há 7 pontos do último classificado (Cruzeiro em 6º, com 28 pontos).

Nada tão difícil de ser tirado, ainda mais se tratando de Flamengo e com vários confrontos diretos pela frente. Mas essa recuperação passa, obrigatoriamente, pelos gols de Deivid.

Seja bem vindo, matador.

E boa sorte.

SRN

domingo, 22 de agosto de 2010

"3x0 Liverpool, isn't it?"



Foi essa a frase de um inglês para mim na quarta passada quando perguntei se ele conhecia o Fla. Segue a história.

Na 2º, 3º e 4º da semana passada, a empresa aonde trabalho recebeu a visita de 2 americanos e um inglês. Foram implantar um sistema de informática novo e em tempo real para um dos contratos que a empresa tem.

Eu fiz 5 anos de curso e, apesar de estar longe dos livros há um tempinho, me viro muito bem na língua inglesa. Durante a permanência dos estrangeiros, troquei algumas frases com eles, mas nada de muito acentuado ou fora do profissional.

No último dia, vi o inglês com uma caneta que tinha o escudo do Flamengo pintado. Era a deixa para quebrar o gelo.


"Is it yours?", perguntei, apontando para a caneta.

"No, no."

"Do you want it? The soccer team in this pen is the greatest in the world."

Rindo, ele emendou:"No, the greatest is United."

"Do you know this team?"

"Yeah, 3x0 Liverpool, Zico, isn't it?. Very nice way of playing soccer."

Quase 30 anos depois, ainda somos lembrado como o esquadrão que atropelou os ingleses. Sai do trabalho nesse dia com um misto de orgulho e arrogância, hahahahaha.

Chegará novamente esse dia, tenho fé.

Vai Zicão!

SRN

sábado, 14 de agosto de 2010

Juan, talvez um dos mais injustiçados da história.

Hoje, dia 14/08/2010, o Flamengo entrou em campo contra o Ceará, pela 14º rodada do Campeonato Brasileiro. Mas não é para falar do jogo em si - registre-se que foi mais uma partida abaixo da crítica do Flamengo - que estou aqui. Incrivelmente, é para falar de alguém que não jogou.

Durante o jogo, o dublê de jogador/lateral/meia chamado Michael, foi vaiado ininterruptamente. Michael entrou em campo no lugar de Juan, lateral esquerdo que também não conta com as graças de toda a torcida do Flamengo. Antes do início do jogo, saiu a notícia que o Juan - previamente escalado - não jogaria, parece que passou mal no vestiário. Boa parte da torcida - talvez a maior - respirou aliviada com a ausência do "anão". Mas, durante e principalmente depois do jogo, veio a constação: Juan em má fase é 50 milhões de vezes mais jogador que qualquer lateral do Flamengo desde o Júnior, Athirson incluso.

O que acontece é que o Juan tem 2 "defeitos" para o torcedor do Flamengo:

1 - Veio diretamente de um clube rival. Só isso já o colocaria na fogueira do Maracanã;

2 - É um jogador que nunca se esconde. Mesmo mal tecnicamente, não fica naquela de toque para o lado/para trás. Continua arriscando as jogadas, mesmo com chances de errar e ficar ainda mais marcado pelos seus detratores.

Juan não é craque, nunca foi. Mas é um jogador importante, de bom nível técnico e um dos poucos a sofrer com as cobranças dos torcedores e ficar calado, pois jamais dirigiu qualquer ofensa à torcida do Flamengo. E, venhamos e convenhamos, em tempos que nos chamar de palhaços e nos mandar "tomar no cu" virou rotina, respeito por parte de alguém tão perseguido é louvável.

Força, Juan. E lembrem-se: ruim com ele, MUITO PIOR sem ele, como vimos hoje.

SRN

domingo, 25 de julho de 2010

Crônica de uma derrota anunciada.

Internacional 1x0 Flamengo. Foi esse o resultado do jogo de hoje e, sinceramente, "me surpreendeu positivamente": esperava algo muito pior!

O Flamengo tem visíveis carências defensivas e, principalmente, ofensivas. A segurança defensiva que foi nossa marca nos últimos 4 meses de 2009 foi para o ralo. Aqui abro um pequeno parenteses: VOLTA AÍRTON!!!!

O Flamengo entrou em campo postado em um falso 3-5-2, com Rômulo fazendo o papel de 3º zagueiro e com Vinícius Pacheco e Diego Maurício no ataque. A opção era clara: esperar o Inter e jogar no contra ataque. Só que tomamos um gol antes dos 10' e a estratégia ruiu.

Com uma dupla de garotos na frente e Pet duramente marcado pela melhor dupla de volantes do futebol brasileiro - Guina e Tinga - chegar ao ataque foi luxo e escapamos de tomar uma coça ainda no 1º tempo.

Na volta do intervalo, sairam Rômulo e Diego Maurício para a entrada de Marquinhos e Val Baiano e o Flamengo melhorou - até por que era impossível piorar -, tendo até chances de empatar o jogo.

Só que se defensivamente não somos sombra de 2009, ofensivamente é nível 2005. O único setor que salva por ter boas opções é o meio campo.

Para mim, que já estou conformado em fazer figuração no ano e terminar em 16º, essa derrota foi apenas mais uma no Brasileiro.

Mas para a maior parte da torcida, que cobra resultado no curto prazo, é a 1º de muitas.

Zico terá muito trabalho.

SRN

O Senhor do Maracanã - Apogeu e Adeus, Parte 1

Tinha falado que dividiria os posts em 5. Mas a parte de 78/83 tem muitos fatos para relembrar, muitos grandes jogos, então vou dividir essa parte em 3: da Copa de 78 até a decisão do Brasileiro de 1980, daí até a conquista do Mundial e a 3º parte falará dos títulos do Campeonato Brasileiro de 82 e 83, quando Zico deixa o clube rumo à Udinese.


Em 1978, Zico já tinha seu talento reconhecido e sua carreira consolidada, já não era mais a promessa do início dos anos 70.

E foi por esse reconhecimento que Zico foi convocado por Cláudio Coutinho para a disputa da Copa do Mundo da Argentina, em 1978. Coutinho conseguiu montar um time talentoso e aguerrido e o Brasil era considerado favorito, juntamente com os argentinos, apesar das sentidas ausências de Carpegiani, Júnior e Falcão. Por causa da convocação de Rivelino, Zico foi inscrito com a camisa 8. O Brasil levou à Copa do Mundo o seguinte grupo: Leão, Carlos e Waldir Peres; Oscar, Amaral, Abel, Nelinho, Edinho,Rodrigues Neto, Polozzi e Toninho; Batista, Chicão, Toninho Cerezo, Zico, Jorge Mendonça, Dirceu e Rivelino; Zé Sérgio, Reinaldo, Roberto Dinamite e Gil.

Na estréia, Zico foi titular no meio campo, ao lado de Rivelino na criação. O jogo foi contra a Suécia. O Brasil cria – e desperdiça – muitas chances de gol, sempre com Zico participando ativamente do jogo, até que a Suécia abre o placar após um cochilo da defesa, aos 37’ do 1º tempo. A Suécia teve chance de fazer 2x0, mas após cruzamento de Toninho, Reinaldo ganha do zagueiro e empata, aos 45’ do 1º tempo, fazendo justiça no placar.

Na volta do intervalo, o jogo continua aberto, com chances para ambos os lados, até que Nelinho cobra um escanteio da direita e Zico se antecipa aos zagueiros, virando o jogo para o Brasil. Inexplicavelmente, em algo que eu nunca ouvi falar no futebol, o juiz anula o gol, alegando que o tempo de jogo se esgotou enquanto a bola estava no ar.
Era a 1º decepção de Zico na história das Copas.

BRASIL 1X1 SUÉCIA – Vídeo do jogo:


Na 2º rodada da fase de grupos, o Brasil jogaria contra a Espanha e Zico novamente começou jogando, mas diferentemente da rodada anterior, o Brasil quase não criou e só não perdeu o jogo por que Amaral, zagueiro brasileiro, conseguiu salvar um gol em cima da linha. Zico foi substituído faltando pouco menos de 10 minutos para o fim do jogo e seria sacado do time para o decisivo jogo contra a Áustria, jogo que decidiria a vida do Brasil na Copa do Mundo. Assim como Zico, Reinaldo também perdeu a vaga entre os titulares. Há quem afirme que o então presidente da CBD, Almirante Heleno Nunes (vascaíno roxo), interferiu na escalação e pediu que Coutinho barrasse Zico e Reinaldo.

No jogo contra a Áustria, o Brasil voltou a apresentar um futebol paupérrimo, mas dessa vez venceu por um magro 1x0, gol de Dinamite. Era o suficiente para classificar, ainda que em 2º lugar no grupo. O problema é que a Argentina, dona da casa, também terminou em 2º no seu grupo e ambos ficariam no mesmo grupo na 2º fase.

Na estréia da 2º fase, o Brasil pareceu ter finalmente se encontrado e enfiou um sonoro 3x0 no Perú e Zico anotou um gol após sair do banco de reservas. No jogo seguinte, na partida que entrou para a história como “A Batalha de Rosário”, Brasil x Argentina empataram em 0x0 e o Brasil seguia em 1º no grupo, como o classificado para a final. Zico jogou pouco mais de 20 minutos.

Na 3º rodada, jogariam Brasil x Polônia e Argentina x Perú. A Argentina precisava vencer o Perú e fazer saldo para conseguir ir à final. Os jogos estavam marcados para o mesmo horário, mas um pedido da TV argentina, que alegou não estar preparada para transmitir 2 partidas ao mesmo tempo, fez com que a FIFA antecipasse o jogo do Brasil. O que se seguiu é seguramente a maior vergonha das Copas.

O Brasil entrou em campo com Zico entre os titulares, mas o Galo saiu de campo logo no começo, por causa de uma contusão. No fim, vitória brasileira por 3x1 e os argentinos precisavam vencer o Perú por 4 gols de diferença para garantir classificação. Missão difícil, mas não para a ditadura argentina, que precisava do título da Copa do Mundo de qualquer forma. Os argentinos enfiaram 6x0 e, anos depois, o goleiro Quiroga – argentino naturalizado peruano – declarou que o jogo foi armado. Era apenas a confirmação do que todos sabiam. Os argentinos foram à final contra a Holanda, venceram por 3x1 e conquistaram o título. O Brasil bateu a Itália por 2x1 e ficou com o 3º lugar e se auto proclamou “campeão moral”. Era a 1º Copa do Mundo que escapava de Zico.

Na volta ao Flamengo, Zico ajudou o clube a conquistar o estadual de 1978 (relatado no post anterior) quebrando um jejum de 3 anos e o Flamengo iniciaria 1979 como favorito ao título estadual e um dos candidatos ao título brasileiro. No início de 1979, a Federação do Rio de Janeiro resolve criar um Estadual Especial, por causa da má campanha dos clubes cariocas no Brasileiro de 1978 (que ainda estava em andamento em 79) e também para dar oportunidade de disputa aos clubes do Estado do Rio de Janeiro, já que esses ainda estavam alijados da disputa, apesar da união Estado do Rio/Estado da Guanabara ter acontecido anos antes.

No Estadual Especial, título conquistado de forma invicta e Zico sobrando na artilharia. Em clássicos disputado pelo Estadual Especial, Zico anotou 6 gols, passando em branco em apenas 1 dos 6 clássicos. No meio do estadual, o Flamengo fez um amistoso contra o Atlético Mineiro, em benefício de desabrigados por uma enchente em MG, na partida que entrou para a história como a partida que Pelé vestiu a camisa do Flamengo. O Flamengo venceu por 5x1 e Zico fez 3 gols no jogo. Vislumbrava-se um grande Campeonato Brasileiro para o Flamengo

FLAMENGO 5X1 CAM – Vídeo do Jogo


Na 1º fase do Brasileiro,o Flamengo passeou no seu grupo, com 7 vitórias e 2 empates em 9 jogos, 20 gols marcados e 2 sofridos.

Na 2º fase, eliminatória simples, o Flamengo receberia o Palmeiras para partida única no Maracanã. A vitória era considerada certa, tanto pela superioridade do time do Flamengo quanto pelo futebol apresentado por esse time na fase anterior. 112.047 pagantes lotaram o Maracanã no dia 09/12/1979, mas inexplicavelmente o Flamengo não jogou 10% do apresentado anteriormente e o Palmeiras, comandado por Jorge Mendonça – aquele que barrou Zico na Copa de 78 – goleou por 4x1, saindo classificado do Maracanã.

FLAMENGO 1X4 PALMEIRAS – Vídeo do Jogo:


Durante o Campeonato Brasileiro, o Flamengo conquistou também o título do Estadual “normal”, conquistando assim o 3º tri da História Rubro-Negra. Zico fez 34 gols nesse Campeonato e 81 gols no total, quantidade absurda de gols para um meia.

3º TRI DA HISTÓRIA DO FLAMENGO


Em 1980, o Flamengo e Zico sofriam pressão para que o clube conquistasse o Campeonato Brasileiro de qualquer forma. Na estréia, vitória em cima do SP no Morumbi, gol de Zico. Na 2º rodada, outra vitória, dessa vez em cima do Internacional, também com gol de Zico. Na 3º rodada, o Flamengo jogaria contra o Botafogo PB no Maracanã e a expectativa era de goleada. Mas o time jogou mal, perdeu por 2x1 e a cobrança foi enorme, com muitas vaias. Mas aquele time tinha chegado ao seu ápice e retomou o fôlego, permanecendo 17 jogos invicto, com direito a uma goleada antológica em cima do Palmeiras, um 6x2 no Maracanã, com 2 gols de Zico, 2 de Tita, 1 de Toninho e 1 de Nunes, com Tita dando “tchauzinho” para a torcida do Palmeiras no Maracanã.

FLAMENGO 6X2 PALMEIRAS – Vídeo do Jogo:


Na semi final do Brasileiro, vitória tranqüila no jogo de ida, 2x0 sobre o Coritiba no Paraná, 2 gols de Zico. A classificação era praticamente certa, já que o Flamengo mandaria o jogo da volta. Mas o que se viu foi um dos maiores jogos da história dos Campeonatos Brasileiros.

O Coritiba, sem qualquer pressão, rapidamente abriu 2x0 em pleno Maracanã. Ainda no 1º tempo, o Flamengo virou, com gols de Nunes (2) e Carlos Alberto, esse antológico, após dar um pique de quase 50 metros, escapar da falta e soltar a pancada no ângulo.

No 2º tempo, o Flamengo ampliou para 4x2, com Anselmo (aquele da final da Libertadores), em gol que resumiu o espetáculo que foi o jogo. Anselmo recebeu lançamento, deu um drible da vaca no goleiro do Coritiba e, percebendo que o zagueiro do time paranaense corria para dentro do gol, meteu por cobertura, deixando o pobre zagueiro caído no chão. Vitória maiúscula do Flamengo e, pela 1º vez na história, o clube estava na decisão do Brasileiro. Graças a Zico, que já havia marcado 20 gols até então. O adversário era o Atlético Mineiro, de Reinaldo, Toninho Cerezo, Palhinha e Éder.

FLAMENGO 4X3 CORITIBA - Vídeo do Jogo:


No 1º jogo da decisão, disputado de forma violenta, o Flamengo sucumbiu ao Atlético e perdeu por 1x0. Zico, contundido desde a semi final contra o Coritiba, não jogou e era dúvida para a finalíssima, que seria disputada no Maracanã. Júlio César também desfalcou o Flamengo no 1º jogo da decisão.

Para deixar a situação do Flamengo ainda mais complicada, Rondinelli desfalcaria o time para a finalíssima, pois quebrou o maxilar após ser atingido de forma proposital por Palhinha. Mas Zico e Júlio César conseguiram se recuperar e foram para o jogo. Rondinelli, internado em um hospital próximo ao Maracanã, estava fora da partida.

Logo no começo, aos 7’, Zico descobre Nunes em velocidade e passa na medida para o “artilheiro das decisões” tocar na saída de João Leite e abrir os trabalhos. Festa do Maior do Mundo no maior estádio do mundo, Mengão 1x0. Menos de um minuto depois, Reinaldo empata para o Atlético MG. Rondinelli, sem poder ver o jogo, sofria no quarto de hospital com as variações de comportamento da Magnética.

O jogo é disputado com a mesma intensidade e violência da partida de ida, até que Zico apanha a sobra de um bate-rebate e estufa a rede de João Leite. Eram 44’ do 1º tempo e o Flamengo tinha agora apenas um tempo pela frente para enfim se sagrar Campeão Brasileiro. No intervalo, Coutinho reuniu o time e leu um bilhete escrito por Rondinelli, bilhete que continha um simples pedido do Deus da Raça:”Vamos para as cabeças, dêem para mim esse título!”

Anos depois, Zico declarou que jamais perderia aquela partida depois de ouvir o pedido do amigo.

Na volta do intervalo,o Flamengo tem chances de ampliar, mas desperdiça. O título parece mais próximo após a contusão de Reinaldo, que não pôde sair de campo por que o Atlético já havia queimado as alterações. O Flamengo segue dominando, até que Éder acha Reinaldo sozinho na pequena área e o mesmo empata o jogo novamente. Discussão generalizada na defesa Rubro-Negra e Zico pega a bola, falando aos berros:”Bora acabar com essa palhaçada, nessa porra mando eu. Quero um time de macho agora!”*

O Atlético Mineiro, com a vantagem do empate, começa a catimbar e Reinaldo é expulso de campo após atrasar uma reposição de bola do Flamengo. Confusão e o treinador Procópio Cardoso também é expulso de campo. Mas nada do Flamengo virar.

Até que Júnior, que havia cochilado no gol de empate atleticano, rouba bola e toca para Andrade, que lança Nunes. Nunes para em frente à Silvestre e profere a frase que entrou para a história:”Silvestre, olha o Cristo!” Na piscada de olho do atleticano, Nunes dá-lhe um corte e bate no único lugar que havia espaço. Mengão 3x2 e o título é logo ali.

Chicão, companheiro de Zico na Copa de 78, também é expulso de campo. Palhinha pouco depois também dá adeus ao falar que Aragão – juiz do jogo – estava roubando para o Flamengo. Com 3 a mais em campo, o Flamengo toca a bola, dá olé e espera o tempo passar. Mas como nada para nós é tranqüilo e sempre tem que ter muuuuuuuuuuuuuuita emoção, no último lance do jogo Manguito atrasa mal uma bola para Raul, bola que é interceptada por Éder. Éder avança, se livra de Raul, mas Andrade vem na cobertura salva o Flamengo da tragédia. Fim de jogo, Flamengo 3x2 Atlético Mineiro e Zico artilheiro do Campeonato com 21 gols em 22 jogos. O Flamengo chegava ao topo do Brasil, no ano seguinte o alvo seria o mundo.

FLAMENGO 3X2 ATLÉTICO MINEIRO - Vídeo do Jogo:


*Créditos da transcrição das palavras de Zico: http://flamengonet.blogspot.com/2009/07/alfarrabios-do-melo-ola-saudacoes-rubro_21.html

sábado, 5 de junho de 2010

O Senhor do Maracanã: O Início.

Há um tempo que eu vinha pensando nesse post. Agora, com a volta do Zico ao seu lugar de direito, é hora de sair do pensamento e ganhar a net. Serão 5 posts falando da carreira do Zico no Flamengo, com números, vídeos (quando possível) e curiosidades. Também sempre procurarei falar da carreira do Zico na Seleção Brasileira.

5 posts, 1 a cada semana, entitulados como:

1 – Senhor do Maraca: O Início

2 – Senhor do Maraca: Apogeu e adeus

3 – Senhor do Maraca: Retorno e dúvidas

4 – Senhor do Maraca: A Recuperação

5 – Senhor do Maraca: Ato Final.

Espero que curtam.

SRN

Zico chegou ao Flamengo em 67. Com 14 anos de idade, já se destacava há muito nas peladas contra garotos mais velhos. Foi levado ao clube pelo jornalista Celso Garcia. Na sua estréia nos profissionais, em 29/07/ 1971, já mostrava a que veio. Foi dele o passe para um dos gols da vitória do Flamengo sobre o Vasco, vitória essa por 2x1. É, tempos que guris faziam estréia em clássico e não “tremiam.”

Durante o ano de 1971, Zico entrou em campo pelo Flamengo em 17 jogos e fez 2 gols. Estava claro para todos que aquele garoto tinha muito talento, mas precisava de fortalecimento muscular.

Em 1972, já fazendo o trabalho de fortalecimento, Zico entrou em campo apenas 8 vezes e não marcou nenhum gol. Foi a única temporada de Zico sem um gol sequer. Mas o Flamengo, comandado por Reyes, Doval e Caio Cambalhota, chegou ao título carioca após bater o Fluminense por 2x1

Em 73, já em estágio avançado do tratamento para ganhar força física, Zico entrou em campo pelo Flamengo em 52 ocasiões e marcou 13. Mas o Flamengo terminou a temporada sem o título carioca (perdido para o Fluminense) e no Brasileiro foi apenas o 24º colocado.

Em 74, já condicionado e em boa forma física, Zico entrou em campo 64 vezes e anotou espantosos 49 gols na temporada, sendo o principal responsável pelo título carioca do Flamengo. No Brasileiro, nossa 1º campanha razoável, um 6º lugar amargo, por que foi ano de título do Vasco, o 1º de um clube do Rio de Janeiro na competição. Mas como consolo, Zico foi Bola de Ouro do Brasileiro.

Em 75, o Flamengo vê o Fluminense montar a “Máquina Tricolor” e ganhar o título carioca. Mas o que incomodava é que, apesar do time do Fluminense ser melhor, em 5 jogos contra eles o Flamengo venceu 2, empatou 2 e perdeu apenas 1, o clássico pelo Campeonato Brasileiro. Zico anotou 30 gols no Carioca. No Brasileiro, um 7º lugar e o mundo via surgir o melhor time dos anos 70, o Internacional de Falcão e cia.

Em 76, o Bi do Carioca do Fluminense e o Bi do Brasileiro do Inter. Mas houve uma partida que entrou para a história do Fla x Flu. Em um jogo valendo pela “Taça Nélson Rodrigues”, o Flamengo goleou por 4x1 e Zico anotou os 4 gols do Fla. Infelizmente, não existe vídeo desse jogo, não que eu conheça. Se alguém conhece, favor indicar, terei prazer em postar aqui nesse humilde espaço.

Zico fez 56 gols na temporada, recorde da sua carreira. Mas começavam a ganhar espaço outros 2 jogadores que fariam história no clube: Júnior e Adílio

Já eram 2 anos sem títulos e a pressão começava a ficar grande na Gávea.

Veio o ano de 77 e com Zico em plena forma e a dupla Júnior/Adílio já consolidada, Rondinelli já fazendo jus ao apelido de “Deus da Raça”, Carpegiani e Cláudio Adão contratados como reforços e com o surgimento de Tita, era considerado “obrigação” vencer um título na temporada.

No Carioca, o Flamengo teve apenas uma derrota, em clássico contra o Vasco na Taça GB. Na decisão, após um 0x0, Tita desperdiça a última penalidade e o Flamengo vê o título ir para o Vasco. Eram 3 temporadas sem título e a pressão, que já era enorme, se tornou gigantesca. Mas nos bastidores do clube havia um movimento forte e Márcio Braga, pela 1º vez presidente, começava a mudar a forma de administrar o Flamengo. Os frutos começariam a ser colhidos no ano seguinte.

Novamente Zico “salvaria” a temporada, ao ganhar a Bola de Prata e ser considerado, por um jornal venezuelano, como o futebolista sulamericano do ano.

Em 78, havia um movimento de grande parte da torcida e da política Rubro-Negra para que o Flamengo negociasse aqueles jogadores que mais para frente fariam história. Só um título poderia assegurar a permanência de uma safra que era talentosa, mas considerada “imatura” por muitos. No Estadual, novamente o Flamengo sofreu uma única derrota, na decisão do 1º turno, em clássico contra o Fluminense.

Apesar da derrota, o Flamengo levou o título do 1º turno e partiu para ganhar o do 2º. Adversários batidos com facilidade – com direito a uma goleada de 4x0 em cima do Fluminense – e vem a decisão contra o Vasco, que jogava pelo empate para forçar os jogos extras. 120 mil pessoas lotaram o Maracanã para ver a decisão. Jogo tenso, com o Vasco sabendo usar sua vantagem. No finalzinho, após o Vasco ceder um escanteio de forma desnecessária, Zico pega a bola e parte em velocidade para o local da cobrança. Aqui eu abro um parentêses para narrar o que um senhor amigo meu, já sexagenário hoje em dia, fala do momento:”Foi um espanto ver o melhor finalizador do time não estar na área naquela bola. Zico raramente batia escanteios. Raramente não, nunca. Era exímio cabeceador e se posicionava com a maestria dos centro avantes mais qualificados. Ninguém entendeu quando ele, Zico, foi cobrar aquele escanteio.”

Mas Zico sabia o que estava fazendo, por que gênio é aquele que vê o que nenhum outro vê.

Na cobrança, bola na cabeça de Rondinelli, Leão estatelado no chão e título Rubro-Negro depois de 3 anos de jejum.

Começava ali uma história que seria escrita com muito suor, sangue e lágrimas. Uma história que todo Rubro-Negro tem o dever moral de conhecer e que eu espero contar com a maior qualidade possível.

Até semana que vem.

terça-feira, 1 de junho de 2010

O SIMBOLISMO DE UM REGRESSO – O RETORNO DO REI


Usualmente, sou uma pessoa racional. Por definição própria ou mesmo porque assim definem os que me rodeia Inclusive no que respeito o futebol e o Flamengo. Mas fui surpreendido por um estalo de emoção que não me lembro de ter sentido nos últimos tempos. Domingo à noite, uma inesperada notícia adentra meu cérebro rubro-negro: Zico é o novo Diretor de Futebol do Clube. E daqui que parte a definição, com uma boa deixa do que vem por aí, do regresso do maior ídolo ao seu clube.

Não vi Zico jogar, bom deixar claro. Questão cronológica. Sou de 1989, véspera da despedida do Galinho em terras brasileiras. Obviamente, também só vi por vídeo as peripécias de Zico no Japão. Tenho lembranças do Galinho brincando de jogar futebol de areia (não mais que o Capacete, verdade seja dita), quando o Beach Soccer ainda era futebol de areia.

Dito isto, sem vergonha nenhuma afirmo que sempre fui o primeiro a criticar o Zico por achar ele omisso nas questões internas do Clube. As pedras que virão não serão mais do que as que já chegaram. Mas foi e é minha opinião.

Hoje, levanto a voz pra falar um "Obrigado, Zico".
Porque não sei qual a grande conquista dele como Diretor de Futebol, não sei se virá com poderes totais, não sei se dará certo.
Mas ao menos, ele veio aqui e botou a cara (ainda que ele ganhe um ótimo dinheiro nisso, não interessa até aqui). E isso pra mim, já é suficiente para ter admiração e respeito por alguém. Se esse alguém for “só” o Zico então...

O que interessa pra mim, então, é isso: O maior ídolo do meu clube, enfim, está aqui. Participando ativamente do clube que o criou, e que ele ajudou a crescer.

E é motivado por isto, que me encontro em estado de emoção rasgada. A cereja do bolo é só um complemento pra quem comeu o bolo. Mas para quem não comeu e nem viu o “bolo” acabar com o Cobreloa ou com o Santos, a cereja é a melhor parte.

E a emoção rasgada vem em compasso com a esperança e otimismo que habita os corações rubro-negros. E a esperança se justifica:
O Zico vai receber 350 mil - segundo ouvi numa transmissão de rádio - pra ser Diretor Executivo de Futebol cargo que até onde sei, ele não tem lá muito currículo.

Mas de qualquer maneira, a injeção de ânimo na claque vem em doses cavalares. É o maior ídolo botando sua credibilidade, sua idolatria, seus conhecimentos em jogo para ENFIM, ajudar o clube, o seu clube, o nosso clube.

E é aquela velha história: ainda que não tenha lá muito cancha para o cargo, Zico é notoriamente um sujeito sério e de bom caráter, noves fora uma ou outra escolha errada.
E é a personificação do rubro-negrismo. Ele é o Sr. Flamengo.

Também não nego que o meu lado racional já comentado acima está falando: vai com calma, garotão.

Mas não adianta: desde que a notícia veio à tona, a emoção fala mais alto.

A esperança vence o medo, parodiando o político. Não consigo temer (dessa vez, sem política) qualquer chance de não dar certo.

O retorno do Rei é simplesmente, a notícia da década. Talvez dos últimos 15 anos. Talvez mais.

E cada tijolo que o Zico botar no CT, cada entrevista que o Diretor de Futebol Zico conceder, cada contratação que ele fechar irá me remeter ao Fla-Flu de Maraca lotado, das finais épicas, do passes precisos e dos gols decisivos.

Irá remeter a um passado que não vivi, mas que nunca sai da minha cabeça.

E completa um espaço vazio enorme: afinal, agora, eu posso falar...

Eu vi Zico.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Esse Fla x Flu estava previsto para começar 40 minutos antes do nada

Uma vida de alegrias, com certeza. Contudo, quem aqui nunca teve aquele momento triste e marcante sendo rubro-negro? 25/06/1995. Esse foi o meu.

Sim. Pelo ano todo mundo consegue imaginar o que seja.

Naquele ano o time era superior. Dois jogadores ganhadores de Copa do Mundo. Melhor do mundo de 1994 ao nosso lado. Tinha como dar errado? SIM. A Lei de Murphy é cruel e diz: Se algo tem a mínima chance de dar errado fatalmente dará.


Do começo... Moleque novo. 12 anos. Só poderia ouvir a final do centenário pelo rádio. Assim foi feito. Garotinho anunciava Maracanã com maioria rubro-negra. No bairro a maioria era do mais querido. E daí? O que tudo isso conta quando os times entram em campo?

Conta tão pouco que perdíamos por 2 x 0. Péssimo. E daí? Alguém lembra que era Flamengo? Após estar perdendo por 2 x 0, o Fuderosão arranca um empate num golaço do Fabinho aos 33 da etapa complementar.




Era isso!!! Depois de um gol desses não tinha como dar errado. Peixinhos com o peito no piso. Na rua, os abraços e pulos não paravam. Era nosso!!! O Flamengo depois que chega não entrega.

Tinha como dar errado? SIM. 41 minutos do segundo tempo.


Logo tú, Renato? E 1987, cara? Não representou nada para você?

Antes de terminar o jogo fui para o banho. Iria ter jeito. Não teve... Choro no chuveiro. E MUITO CHUTE NA PORRA DO BOX!!! CARALHO!!!!! Box quebrado...

Dia seguinte. Indo para a escola. Entra um no ônibus perguntando: Aí, tem algum “framenguista” aí? Resposta: Não, amigo. Aqui só tem flamenguista. Cara... É pouco mas foi para lavar a alma. Zoação de qualquer um era inaceitável. Ainda era o Flamengo. Ainda é o Flamengo.

Nada. Nem antes nem depois me faria mais rubro-negro do que aquele gol de barriga.

Obrigado, Renato!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

"Recordar é viver, o Zico acabou com você..."

12/07/1985. 2 anos e 19 dias depois, o Messias estava de volta ao seu lugar de fato e de direito. Zico retornava ao Flamengo depois de passagem pela Udinese da Itália.

Na reestréia, um amistoso entre Flamengo x Amigos do Zico, vencido pelo Flamengo por 3x1.

Seguiu-se a isso alguns jogos pelo Brasileiro de 85 - no qual o Flamengo terminou em 9º lugar e mesmo assim com mais pontos que o Campeão Coritiba,depois de brigar pelo título entre 80/84 - e veio o Campeonato Carioca.

No Carioca, tivemos algumas saídas importantes. O goleiro Fillol deixou o clube antes do início da competição e Tita deixaria durante, seguindo para o Internacional. Mas em contra partida, durante alguns amistosos realizados, a torcida do Flamengo viu a afirmação de Bebeto e Jorginho no time titular e, mais uma vez, constatou que o Messias ainda era o mesmo craque de sempre, mesmo já passando dos 30 anos.

A estréia do Flamengo no Carioca foi contra o Bonsucesso, no Caio Martins. Zico anotou 2 na goleada. A esperança era clara: era preciso evitar a qualquer custo o tri do Fluminense.

Já para a 2º rodada, a tabela apontava um jogo entre Flamengo x Bangu, Bangu que tinha chegado à final do Brasileiro realizado no 1º semestre. Um Maracanã com um público razoável viu o Flamengo entrar em campo com Cantarele, Jorginho, Leandro, Mozer, Adalberto, Andrade, Elder, Zico(Guto), Tita, Chiquinho(Gilmar) e Marquinho.

Mas público, placar do jogo, jogadas, nada disso é importante. A única lembrança que os envolvidos nesse jogo tem, é essa:

A entrada de Márcio Nunes custou a Zico quase um ano ausente dos gramados. É a história do retorno que é a motivação desse texto.

Depois de muitas sessões de fisioterapia, noites sem dormir e apenas o conforto da família, Zico voltou para disputar um amistoso contra o Iraque em Bagdá. O Flamengo venceu por 2x0 e Zico fez um gol nesse jogo.

Mas o jogo que entrou para a história como “O Jogo do Retorno” foi o seguinte, um Fla x Flu pela Taça Guanabara, no dia 16/02/1986. Outra coisa que pouco se comenta é que Sócrates fazia sua estréia no Flamengo também nesse dia.

Logo que o Flamengo entrou em campo, uma grande parte dos 84303 pagantes gritou “bichado, bichado, bichado, bichado” para aquele homem que já tinha feito gato e sapato do time deles em várias ocasiões. A outra parte, em maioria, desfez-se em homenagens ao seu maior Herói.

Rolou a bola e o Flamengo abriu os trabalhos. Zico tenta passe para Bebeto, a bola é mal cortada pela defesa do Flu e cai nos pés de Adílio, que cruza na cabeça de Zico. Caixa e Mengão 1x0 no placar. Ironicamente, a Magnética canta: “Bichado, bichado, bichado.”

Logo depois, falta para o Flamengo. E falta para o Flamengo naqueles tempos era “o camisa 10 da Gávea” na bola. Zico carimbou o travessão de um inerte Paulo Victor. Tudo indicava que era (mais uma) tarde de show no Maracanã e nem um gol de Leomir de penalty - aos 44’ do 1º tempo - igualando para o Fluminense, diminuiu essa certeza.

No 2º tempo, o Flamengo perde boas chances de passar à frente no placar, inclusive uma criada após passe antológico de Zico para Adalberto.Seguiram-se outras chances para o Flamengo, até que novamente uma falta na entrada da área foi assinalada a nosso favor. Era bem pelo lado esquerdo de ataque e Zico estava na bola. Na cobrança, a mesma foi executada daquele jeito que virou marca: contra pé do goleiro, no ângulo, sem qualquer chance de defesa para um Paulo Victor que sequer esboçou reação.

Zico seguia dando espetáculo, e, como um autêntico gentleman em campo, fazia apenas a bola correr, como que com pena dos jogadores tricolores, que nada tinham a ver com as provocações da torcida deles a ele, Zico.

Em rápida escapada pela direita, nas costas de Branco, Adílio achou Bebeto e esse encheu o pé para fazer 3x1 no placar. A Magnética, feliz da vida, cantava e fazia festa nas arquibancadas do Maracanã. Mas ainda faltava algo para a tarde ficar completa.

E o algo aconteceu: em penalty marcado a favor do Flamengo, Zico fazia o seu 3º gol e dava números finais ao placar: Flamengo 4x1 Fluminense.

Ensandecida, mas ao mesmo tempo grata e emocionada, a Magnética cantou “Recordar é viver, o Zico acabou com você” por longos 10 minutos. Ao fim do jogo, o Messias chorou. Ou por dores, ou pela emoção da volta, enfim, o fato é que o Messias chorou.

Começavam ali 2 trajetórias: a de Zico para disputar (e ficar marcado pelos recalcados após tantas porradas) a Copa do Mundo de 1986 e a do Flamengo para ganhar o título e impedir o tetracampeonato do Fluminense.

Ambas foram bem sucedidas, mas isso é assunto para outros posts.

Saudações Rubro-Negras.

Igor.






Créditos da foto do caderno dos Esportes: Rodrigo Guilherme (http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=13742414084382331979)

sábado, 22 de maio de 2010

O dia que a Nação vaiou seus Heróis*

* Em referência ao DVD "Heróis de Uma Nação"

13/12/1981. O Flamengo encerrava, de forma brilhante, uma temporada mágica. Entre o dia 23/11/81 e o dia 13/12/81, foram 3 títulos conquistados. Após uma batalha de 3 jogos contra o Cobreloa, o Flamengo ganhava a Libertadores da América na sua 1º participação.

No dia 06/12/81, após 3 jogos contra o Vasco e o famoso "jogo do ladrilheiro" (assunto de outro post), o Flamengo sagrava-se Campeão Carioca pela 21º vez na sua história.

Uma semana depois, estava marcado o confronto contra o Liverpool, valendo pelo Mundial de Clubes (também assunto para outro post). No dia 13/12/81, Flamengo e Liverpool entraram em campo pelo Estádio Nacional de Tóquio e o que se viu foi um dos maiores passeios da história do futebol. Ao fim do 1º tempo, o Flamengo ganhava por 3x0 e o 2º tempo foi apenas de toque de bola e "olé".

A única derrota de peso na temporada foi um 3x1 para o Botafogo nas quartas de final do Campeonato Brasileiro, no dia 19/04. Pois é, naqueles tempos derrotas no Maracanã eram raríssimas. O que se viu na cidade do Rio de Janeiro - e, por que não, no Brasil - foi um fim de ano em vermelho e preto.

No dia 20/01/1982, o Flamengo entrou em campo contra o São Paulo campeão paulista e vice do Brasileiro, em jogo valendo pela estréia do Campeonato Brasileiro de 1982. O público era de "meros" 85.236 pagantes.

O Flamengo entrou em campo com Raul, Leandro, Mozer, Marinho e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Lico, Nunes e Chiquinho Carioca, esse substituindo Tita. Descontando a ausência do Tita, era o mesmo time que havia conquistado o Mundo no dia 13/12.

O São Paulo, Campeão Paulista de 81 e vice do Campeonato Brasileiro após perder a final para o Grêmio, entrou em campo com Waldir Perez, Getúlio, Dario Pereira, Oscar e Marinho Chagas; Almir, Mário Sérgio e Éverton; Renato, Ricardo e Chulapa.

Em campo haviam "apenas" 5 titulares da Seleção Brasileira que disputaria a Copa do Mundo naquele ano. Pois é, bons tempos que nossos craques eram vistos aqui todo fim de semana.

Após o jogo começar com chances para os dois lados, o São Paulo fazia 1x0 com Chulapa, após cochilo de Marinho e Raul.

Mais tarde, pouco antes do fim do 1º tempo, Chulapa, praticamente em cima da linha, escorou um cruzamento da direita e fez 2x0 para o São Paulo. Era a deixa para a Nação vaiar, ao fim do 1º tempo, aqueles Heróis que pouco menos de um mês antes haviam conquistado o mundo.

Na volta do intervalo, mais vaias para um time apático, longe daquele time que foi brilhante na temporada de 81. Mas em momento algum reclamou-se das vaias ou tivemos jogador falando besteira para a torcida. O que se viu foi um time que passou a brigar por todas as jogadas e diminuiu a diferença no placar, com Zico. O Flamengo continuou a pressionar e após bate rebate, Andrade encheu o pé da entrada da área e fez 2x2. Biquinho? Não comemorar o gol? Gestos para a Nação? Não. Andrade foi lá comemorar aonde sempre comemorou, com o pessoal da geral que ficava atrás dos bancos de reservas.

Mas o melhor ainda estava por vir. Após descida em velocidade pela esquerda, Junior cruzou na cabeça de Zico e esse, sozinho, testou para fazer 3x2. Comemoração? Dentro do gol, saudando a Magnética.

Iniciava-se ali a trajetória que seria completada no dia no dia 25/04/82, contra o Grêmio no Olímpico. Mas isso é outra história.

Saudações Rubro-Negras.

Igor