quarta-feira, 26 de maio de 2010

Esse Fla x Flu estava previsto para começar 40 minutos antes do nada

Uma vida de alegrias, com certeza. Contudo, quem aqui nunca teve aquele momento triste e marcante sendo rubro-negro? 25/06/1995. Esse foi o meu.

Sim. Pelo ano todo mundo consegue imaginar o que seja.

Naquele ano o time era superior. Dois jogadores ganhadores de Copa do Mundo. Melhor do mundo de 1994 ao nosso lado. Tinha como dar errado? SIM. A Lei de Murphy é cruel e diz: Se algo tem a mínima chance de dar errado fatalmente dará.


Do começo... Moleque novo. 12 anos. Só poderia ouvir a final do centenário pelo rádio. Assim foi feito. Garotinho anunciava Maracanã com maioria rubro-negra. No bairro a maioria era do mais querido. E daí? O que tudo isso conta quando os times entram em campo?

Conta tão pouco que perdíamos por 2 x 0. Péssimo. E daí? Alguém lembra que era Flamengo? Após estar perdendo por 2 x 0, o Fuderosão arranca um empate num golaço do Fabinho aos 33 da etapa complementar.




Era isso!!! Depois de um gol desses não tinha como dar errado. Peixinhos com o peito no piso. Na rua, os abraços e pulos não paravam. Era nosso!!! O Flamengo depois que chega não entrega.

Tinha como dar errado? SIM. 41 minutos do segundo tempo.


Logo tú, Renato? E 1987, cara? Não representou nada para você?

Antes de terminar o jogo fui para o banho. Iria ter jeito. Não teve... Choro no chuveiro. E MUITO CHUTE NA PORRA DO BOX!!! CARALHO!!!!! Box quebrado...

Dia seguinte. Indo para a escola. Entra um no ônibus perguntando: Aí, tem algum “framenguista” aí? Resposta: Não, amigo. Aqui só tem flamenguista. Cara... É pouco mas foi para lavar a alma. Zoação de qualquer um era inaceitável. Ainda era o Flamengo. Ainda é o Flamengo.

Nada. Nem antes nem depois me faria mais rubro-negro do que aquele gol de barriga.

Obrigado, Renato!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

"Recordar é viver, o Zico acabou com você..."

12/07/1985. 2 anos e 19 dias depois, o Messias estava de volta ao seu lugar de fato e de direito. Zico retornava ao Flamengo depois de passagem pela Udinese da Itália.

Na reestréia, um amistoso entre Flamengo x Amigos do Zico, vencido pelo Flamengo por 3x1.

Seguiu-se a isso alguns jogos pelo Brasileiro de 85 - no qual o Flamengo terminou em 9º lugar e mesmo assim com mais pontos que o Campeão Coritiba,depois de brigar pelo título entre 80/84 - e veio o Campeonato Carioca.

No Carioca, tivemos algumas saídas importantes. O goleiro Fillol deixou o clube antes do início da competição e Tita deixaria durante, seguindo para o Internacional. Mas em contra partida, durante alguns amistosos realizados, a torcida do Flamengo viu a afirmação de Bebeto e Jorginho no time titular e, mais uma vez, constatou que o Messias ainda era o mesmo craque de sempre, mesmo já passando dos 30 anos.

A estréia do Flamengo no Carioca foi contra o Bonsucesso, no Caio Martins. Zico anotou 2 na goleada. A esperança era clara: era preciso evitar a qualquer custo o tri do Fluminense.

Já para a 2º rodada, a tabela apontava um jogo entre Flamengo x Bangu, Bangu que tinha chegado à final do Brasileiro realizado no 1º semestre. Um Maracanã com um público razoável viu o Flamengo entrar em campo com Cantarele, Jorginho, Leandro, Mozer, Adalberto, Andrade, Elder, Zico(Guto), Tita, Chiquinho(Gilmar) e Marquinho.

Mas público, placar do jogo, jogadas, nada disso é importante. A única lembrança que os envolvidos nesse jogo tem, é essa:

A entrada de Márcio Nunes custou a Zico quase um ano ausente dos gramados. É a história do retorno que é a motivação desse texto.

Depois de muitas sessões de fisioterapia, noites sem dormir e apenas o conforto da família, Zico voltou para disputar um amistoso contra o Iraque em Bagdá. O Flamengo venceu por 2x0 e Zico fez um gol nesse jogo.

Mas o jogo que entrou para a história como “O Jogo do Retorno” foi o seguinte, um Fla x Flu pela Taça Guanabara, no dia 16/02/1986. Outra coisa que pouco se comenta é que Sócrates fazia sua estréia no Flamengo também nesse dia.

Logo que o Flamengo entrou em campo, uma grande parte dos 84303 pagantes gritou “bichado, bichado, bichado, bichado” para aquele homem que já tinha feito gato e sapato do time deles em várias ocasiões. A outra parte, em maioria, desfez-se em homenagens ao seu maior Herói.

Rolou a bola e o Flamengo abriu os trabalhos. Zico tenta passe para Bebeto, a bola é mal cortada pela defesa do Flu e cai nos pés de Adílio, que cruza na cabeça de Zico. Caixa e Mengão 1x0 no placar. Ironicamente, a Magnética canta: “Bichado, bichado, bichado.”

Logo depois, falta para o Flamengo. E falta para o Flamengo naqueles tempos era “o camisa 10 da Gávea” na bola. Zico carimbou o travessão de um inerte Paulo Victor. Tudo indicava que era (mais uma) tarde de show no Maracanã e nem um gol de Leomir de penalty - aos 44’ do 1º tempo - igualando para o Fluminense, diminuiu essa certeza.

No 2º tempo, o Flamengo perde boas chances de passar à frente no placar, inclusive uma criada após passe antológico de Zico para Adalberto.Seguiram-se outras chances para o Flamengo, até que novamente uma falta na entrada da área foi assinalada a nosso favor. Era bem pelo lado esquerdo de ataque e Zico estava na bola. Na cobrança, a mesma foi executada daquele jeito que virou marca: contra pé do goleiro, no ângulo, sem qualquer chance de defesa para um Paulo Victor que sequer esboçou reação.

Zico seguia dando espetáculo, e, como um autêntico gentleman em campo, fazia apenas a bola correr, como que com pena dos jogadores tricolores, que nada tinham a ver com as provocações da torcida deles a ele, Zico.

Em rápida escapada pela direita, nas costas de Branco, Adílio achou Bebeto e esse encheu o pé para fazer 3x1 no placar. A Magnética, feliz da vida, cantava e fazia festa nas arquibancadas do Maracanã. Mas ainda faltava algo para a tarde ficar completa.

E o algo aconteceu: em penalty marcado a favor do Flamengo, Zico fazia o seu 3º gol e dava números finais ao placar: Flamengo 4x1 Fluminense.

Ensandecida, mas ao mesmo tempo grata e emocionada, a Magnética cantou “Recordar é viver, o Zico acabou com você” por longos 10 minutos. Ao fim do jogo, o Messias chorou. Ou por dores, ou pela emoção da volta, enfim, o fato é que o Messias chorou.

Começavam ali 2 trajetórias: a de Zico para disputar (e ficar marcado pelos recalcados após tantas porradas) a Copa do Mundo de 1986 e a do Flamengo para ganhar o título e impedir o tetracampeonato do Fluminense.

Ambas foram bem sucedidas, mas isso é assunto para outros posts.

Saudações Rubro-Negras.

Igor.






Créditos da foto do caderno dos Esportes: Rodrigo Guilherme (http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=13742414084382331979)

sábado, 22 de maio de 2010

O dia que a Nação vaiou seus Heróis*

* Em referência ao DVD "Heróis de Uma Nação"

13/12/1981. O Flamengo encerrava, de forma brilhante, uma temporada mágica. Entre o dia 23/11/81 e o dia 13/12/81, foram 3 títulos conquistados. Após uma batalha de 3 jogos contra o Cobreloa, o Flamengo ganhava a Libertadores da América na sua 1º participação.

No dia 06/12/81, após 3 jogos contra o Vasco e o famoso "jogo do ladrilheiro" (assunto de outro post), o Flamengo sagrava-se Campeão Carioca pela 21º vez na sua história.

Uma semana depois, estava marcado o confronto contra o Liverpool, valendo pelo Mundial de Clubes (também assunto para outro post). No dia 13/12/81, Flamengo e Liverpool entraram em campo pelo Estádio Nacional de Tóquio e o que se viu foi um dos maiores passeios da história do futebol. Ao fim do 1º tempo, o Flamengo ganhava por 3x0 e o 2º tempo foi apenas de toque de bola e "olé".

A única derrota de peso na temporada foi um 3x1 para o Botafogo nas quartas de final do Campeonato Brasileiro, no dia 19/04. Pois é, naqueles tempos derrotas no Maracanã eram raríssimas. O que se viu na cidade do Rio de Janeiro - e, por que não, no Brasil - foi um fim de ano em vermelho e preto.

No dia 20/01/1982, o Flamengo entrou em campo contra o São Paulo campeão paulista e vice do Brasileiro, em jogo valendo pela estréia do Campeonato Brasileiro de 1982. O público era de "meros" 85.236 pagantes.

O Flamengo entrou em campo com Raul, Leandro, Mozer, Marinho e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Lico, Nunes e Chiquinho Carioca, esse substituindo Tita. Descontando a ausência do Tita, era o mesmo time que havia conquistado o Mundo no dia 13/12.

O São Paulo, Campeão Paulista de 81 e vice do Campeonato Brasileiro após perder a final para o Grêmio, entrou em campo com Waldir Perez, Getúlio, Dario Pereira, Oscar e Marinho Chagas; Almir, Mário Sérgio e Éverton; Renato, Ricardo e Chulapa.

Em campo haviam "apenas" 5 titulares da Seleção Brasileira que disputaria a Copa do Mundo naquele ano. Pois é, bons tempos que nossos craques eram vistos aqui todo fim de semana.

Após o jogo começar com chances para os dois lados, o São Paulo fazia 1x0 com Chulapa, após cochilo de Marinho e Raul.

Mais tarde, pouco antes do fim do 1º tempo, Chulapa, praticamente em cima da linha, escorou um cruzamento da direita e fez 2x0 para o São Paulo. Era a deixa para a Nação vaiar, ao fim do 1º tempo, aqueles Heróis que pouco menos de um mês antes haviam conquistado o mundo.

Na volta do intervalo, mais vaias para um time apático, longe daquele time que foi brilhante na temporada de 81. Mas em momento algum reclamou-se das vaias ou tivemos jogador falando besteira para a torcida. O que se viu foi um time que passou a brigar por todas as jogadas e diminuiu a diferença no placar, com Zico. O Flamengo continuou a pressionar e após bate rebate, Andrade encheu o pé da entrada da área e fez 2x2. Biquinho? Não comemorar o gol? Gestos para a Nação? Não. Andrade foi lá comemorar aonde sempre comemorou, com o pessoal da geral que ficava atrás dos bancos de reservas.

Mas o melhor ainda estava por vir. Após descida em velocidade pela esquerda, Junior cruzou na cabeça de Zico e esse, sozinho, testou para fazer 3x2. Comemoração? Dentro do gol, saudando a Magnética.

Iniciava-se ali a trajetória que seria completada no dia no dia 25/04/82, contra o Grêmio no Olímpico. Mas isso é outra história.

Saudações Rubro-Negras.

Igor